Portugal como um todo me encantou absurdamente, mas a região do Vale do Douro de fato ganhou meu coração. Seja você um apreciador de vinho, boa gastronomia ou simplesmente apaixonado por lugares bonitos, cheio de vistas bafônicas, aposto que esse roteiro com dicas do Douro será extremamente útil na hora de planejar sua viagem.
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O Douro é a mais antiga região demarcada de vinhos do mundo (a demarcação ocorreu em 1756), e onde se produz vinho há mais de 2.0000 anos! Sua paisagem é tão marcante e única, que é considerada Patrimônio Mundial da Unesco.
A região do Douro fica em um vale de montanhas cortado pelo Rio Douro, e as vinhas estão tanto na linha do horizonte, como também em diversos níveis na vertical, como se fossem “andares” ou “degraus”.
Outra característica ímpar da região é o seu “antroposolo” (feito pelo homem) composto por xisto.
O nome da região vem de “d’ouro“, que pode ser explicado em razão das águas reluzentes do rio; das pepitas de ouro ali já encontradas; ou mesmo do adjetivo “duro”, que faz referência ao seu relevo íngreme e cheio de curvas.
Como se pode notar, não há consenso quanto à origem do nome, mas ninguém pode negar que a região vinícola do Douro arranca suspiros em cada metro quadrado. Sem dúvida o Vale do Douro é uma das mais bonitas regiões onde já estive.
A singularidade do local também se dá em razão da produção do vinho do Porto, exclusivo daquela região. Nenhum outro lugar do mundo produz vinho do Porto, a não ser o Vale do Douro.
O vinho do Porto é um vinho fortificado, o que significa que a sua fermentação é interrompida quando se adiciona bebida alcoólica destilada de uva – aguardente – que preserva a doçura natural que faz do vinho do porto um “Porto” genuíno.
Agora, uma curiosidade: o vinho do Porto, mundialmente conhecido, não é produzido na cidade do Porto, mas sim na região vinícola do Douro, Vale do Douro ou, ainda, Douro Vinhateiro.
O nome “vinho do Porto” se deu por duas razões:
- No passado, o vinho proveniente da região vinícola do Douro era transportado pelos barcos rabelos e descarregado nas caves de Vila Nova de Gaia (do outro lado do Rio Douro, e não propriamente na cidade do Porto) onde passava pelo processo de envelhecimento. Quando o procedimento se findava, o vinho era engarrafado e exportado.
- Naquela época, toda a produção e exportação do vinho era controlada pela Inglaterra, que proibiu a comercialização de vinho do Porto em outro lugar que não no Porto (tecnicamente: em Vila Nova de Gaia, onde estão as caves).
Onde fica o Vale do Douro?
O Douro desemboca na cidade do Porto, mas o Douro “raiz” está mais ao centro de Portugal. Em essência, a parte mais turística, por assim dizer, está entre as cidades de Peso da Régua e Pinhão, onde se concentram a maior parte das vinícolas produtoras de vinho de mesa e vinho do porto, as chamadas “Quintas”.
A estrada N222, no trecho entre Peso da Régua e Pinhão, é considerada uma das mais belas estradas panorâmicas do mundo. O título é merecido, pois a iluminação solar que incide sobre o Rio Douro, agraciado pelas encostas repletas de vinhedos e somadas à estrada sinuosa cheia de revelações, definitivamente é um cenário para olhar para o céu e agradecer!
Começamos nossa rota pela cidade do Porto. Como partimos de lá já no final do dia, resolvemos parar em uma das cidades do caminho apenas para dormir.
Embora não tenha sido nossa escolha (por falta de tempo), recomendo fortemente uma passada em Guimarães (o berço da nação portuguesa) e em Amarante, duas lindas cidades históricas localizadas perto da cidade de Porto e relativamente no caminho para a região vinícola do Douro (principalmente Amarante).
De Porto até Guimarães são 55 quilômetro. De Porto até Amarante são 60 quilômetros. De Porto até Peso da Régua são 117 quilômetros na estrada que passa por Amarante, e 161 quilômetros se incluir apenas Guimarães no roteiro.
Na verdade, a região possui uma infinidade de cidadezinhas charmosas, cada qual com sua caraterística própria. Então aqui vale o gosto pessoal mesmo. Recomendo Amarante e Guimarães por serem as duas mais conhecidas.
Como eu acabei não conhecendo nenhuma dessas cidades pelo caminho, deixo como sugestão o post do Tiago, editor do blog Trilhar e Mochilar, que conheceu e escreveu sobre as cidades de Guimarães e Braga.
Quanto à forma de locomoção, a melhor delas é de carro, pois se trata de uma estrada/região para ser apreciada a cada curva, e dirigir em estradas panorâmicas é bom demais… Da pra ir parando em cada miradouro (mirante) e apreciando os detalhes.
Mas atenção: a estrada é absolutamente sinuosa, então se quiser apreciar a vista, pare o carro! O motorista não poderá fazer as duas coisas ao mesmo tempo sem por a segurança em risco.
Também ressalto que é bem fácil de se localizar por lá, pois as cidades são todas pequenas e próximas uma das outras. Quanto às vinícolas, basta colocar no Waze e pronto! Sem dificuldades na localização (na verdade teve apenas um trecho que o Waze se confundiu, mas logo percebemos o que deveria ser feito, pois era bem intuitivo).
O essencial é ter um chip de internet sempre funcionando, o que evita muitos apuros. Essa foi mais uma viagem que utilizamos o chip da SimPremium, e ficamos conectados 100% do tempo.
Dica bônus:
Na hora de alugar o carro, atente-se para uma coisa: a necessidade de aderir ao “Via Verde”.
Em Portugal existem os pedágios convencionais, que permitem o pagamento nas cabines ou passar direto com o Via Verde; e também existem as “portagens” nas autoestradas, que são pedágios eletrônicos (o Via Verde apita quando você passa por elas), sendo necessário o Via Verde, pois a outra opção é inviável (efetuar o pagamento em uma agência de correios até 5 dias após ter passado na portagem).
Alugamos nosso carro na Sixt, que cobrou caução para efetuar o pagamento dos pedágios durante os dias de aluguel, e o valor que não foi utilizado foi restituído no cartão de crédito posteriormente.
O valor dos pedágios e portagens são variados e muitas vezes o valor cobrado é proporcional ao tanto de quilometragem que você dirigiu naquela estrada.
Para uma road trip, alugar o Via Verde é essencial.
Região demarcada do Douro – Alto Douro
A região Vinhateira do Alto Douro é uma área situada no nordeste de Portugal com mais de 26 mil hectares, classificada pela Unesco em 14 de dezembro de 2001, como Patrimônio da humanidade na categoria paisagem natural.
O Alto Douro compreende os municípios de Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Lamego, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, S. João da Pesqueira, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real.
O Alto Douro se divide em 3 regiões:
- Baixo-Corgo
- Cima-Corgo
- Douro Superior
Baixo-Corgo
O Baixo-Corgo fica a oeste (mais próximo da cidade do Porto), ocupando a margem direita do Rio Douro desde Barqueiros até Rio Corgo (Peso da Régua), e na margem esquerda desde a freguesia de Barrô até ao Rio Temi-Lobos, próximo a Armamar.
O Baixo Corgo apresenta cerca de 32% da sua área plantada com vinhas e possui grande diversidade de vinhos, alguns mais próximos do carácter mineral dos Vinhos Verdes e outros lembram a fruta madura do Cima-Corgo.
As vinícolas mais reconhecidas na região do Baixo-Corgo são a Quinta do Vallado e a Quinta da Pacheca.
Cima-Corgo
O Cima-Corgo tem como centro o município de Pinhão e ocupa 36% da região Demarcada do Douro.
Trata-se, por excelência, da zona de produção de vinhos do Porto, tendo a maior concentração de vinhas com a classificação A.
No Cima-Corgo estão os maiores produtores de vinhos do Porto, como é o caso da Real Companhia Velha (Quinta das Carvalhas), a Symington (Quinta do Bomfim) e a Fladgate Partnership (Quinta da Roêda).
Tem início nas fronteiras do Baixo-Corgo e vai até o meridiano que passa no Cachão da Valeira.
Algumas das vinícolas mais reconhecidas na região do Cima-Corgo são a Quinta do Tedo, Quinta do Pôpa, Quinta do Crasto e Quinta da Santa Eufemia.
Douro Superior
O Douro Superior tem início a partir das fronteiras do Cima-Corgo indo quase até a fronteira espanhola. Ocupa cerca de 13% da Região Demarcada do Douro.
Uma das vinícolas mais reconhecida na região do Douro Superior é a Quinta Senhora do Rosário, mas não chegamos a conhecê-la.
Quando visitar o Vale do Douro?
Visitamos a região vinícola do Douro no mês de novembro, no auge do outono no hemisfério norte. A temperatura variava entre 10 e 15 graus.
Amei a paisagem de outono e suas cores avermelhadas, o problema é driblar a chuva. Na verdade não foi um grande problema, pois embora seja um período chuvoso, as chuvas eram passageiras.
Conversando nas vinícolas, lembro que me disseram que na primavera, quando as cerejeiras florescem, o cenário fica ainda mais lindo, perfeito para um piquenique (programa oferecido pelas vinícolas apenas nos meses mais quentes de primavera e verão).
As primeiras folhas aparecem nas vinhas a partir de abril, mas entre os meses de maio a setembro, faz bastante calor no Vale do Douro.
Eu evitaria o verão intenso do Douro, principalmente entre os meses de julho e agosto, pois as altas temperaturas facilmente ultrapassam os 40 graus, o que pode tornar os passeios não muito agradáveis.
Entre setembro e outubro é o período de turismo mais intenso, pois é a chamada época de vindimas, quando os visitantes podem assistir e participar apanhando uvas, participar do processo de pisa e, ao final, fazer as provas.
Se visitar a região em meses com temperaturas mais agradáveis (nem muito calor nem muito frio), programa imperdível é um belo de um passeio de barco pelo rio! Promete que não deixará de fazê-lo?
Onde se hospedar na região vinícola do Douro?
Muita gente, por falta de tempo, acaba fazendo apenas um bate-volta de Porto até o Vale do Douro.
Claro que tudo depende do seus interesses (e tempo), mas eu amei a região e to pra dizer que foi minha parte preferida da viagem.
Sendo assim, recomendo de 2 a 3 noites no Vale do Douro, principalmente se sua viagem for nos meses mais quentes e quiser incluir passeio de barco (Rabelo) pelo Rio Douro, o que te ocupará no mínimo metade do dia.
Acho justo optar por uma das seguintes cidades como cidade base para os seus dias na região vinícola do Douro: Peso da Régua, Pinhão ou Lamego.
Ficamos em Pinhão, no The Vintage House, que é um hotel dos mesmos proprietários do Hotel Infante Sagres, onde nos hospedamos na cidade do Porto e, também, o mais conhecido da região.
Leia também aqui no MV:
O The Vintage House Hotel, construído onde originalmente era um casario do século XVIII, é um hotel cinco estrelas localizado às margens do Rio Pinhão, logo na entrada da cidade de Pinhão.
Trata-se de um hotel grande (com 3 opções de suítes: Standard Room, Junior Suite e Suite Deluxe) e oferece bastante conforto, tendo como proposta ser um elegante refúgio que une o rústico ao clássico.
A área da piscina é incrível, com um vista insuperável para o rio Pinhão. Porém, considerando a temperatura típica de outono (entre 10 e 14 graus), já me contentei com a linda vista da sacada do quarto!
Ressalvado o ambiente dos corredores, que precisam passar por uma revitalização (senti um pouco de cheiro de mofo nessas áreas), fiquei satisfeita com os serviços, café da manhã muito farto e instalações confortáveis, então recomendo o hotel.
Faça aqui sua reserva no hotel The Vintage House.
Na cidade Lamego, mais duas opções de hospedagem: o Six Senses Douro Valley e os Wine Barrels, na Quinta da Pacheca.
O Six Senses Douro Valley é o hotel mais luxuoso da região do Vale do Douro e embora não tenha me hospedado nele, não tenho dúvidas quanto à qualidade dos hotéis da rede (inclusive Thassia Naves e Juju Norremose estavam hospedadas lá na mesma época da minha viagem).
A Fabi do blog Viagens e Vivência se hospedou no Six Senses e contou tudo sobre a experiência!
Agora a hospedagem mais inovadora e autêntica que eu vi por lá foram os quartos no formato de barril de vinho – os chamados Wine Barrels – na Quinta da Pacheca. Visitei o interior de um deles e fiquei admirada com o conforto e exclusividade.
É preciso fazer reserva com antecedência dada a exclusividade dos Wine Barrels e grande procura.
A Quinta da Pacheca também tem quartos tradicionais do prédio principal, mas se decidir dormir por lá, recomendo muito mais os barris, pois são super autênticos e com certeza proporcionam uma experiência diferente.
Assim como a Quinta da Pacheca, grande parte das vinícolas oferecem também quartos/suítes para hóspedes. Se você quiser ter a experiência de se hospedar dentro de uma Quinta, vale a pena conferir essas opções:
Desde 2005 a Quinta do Vallado oferece instalações de hospedagem em seu Wine Hotel. Visamos a Quinta e fomos conhecer a parte externa dos 13 quartos. Ambas as alas são incríveis.
Do total de acomodações, 5 quartos estão no edifício histórico da Quinta, construído em 1733 e recentemente recuperado, e 8 quartos estão num novo edifício concluído em 2012, projetado pelo arquiteto Francisco Vieira Campos, com destaque para a utilização do xisto como material.
A impressão foi de um serviço bastante exclusivo: a área das suítes, além de belíssima, fica num espaço separado do acesso ao wine tour (comum a todos os visitantes) e dispões de uma vista linda para o vale.
Os quartos são equipados com ar condicionado, Wi-fi, TV e iPad.
Em 2015 a Quinta do Vallado criou uma extensão do Wine Hotel na quinta do Orgal – a Casa do Rio, perfeito para quem busca sossego, exclusividade e quer se hospedar em um dos 6 quartos ou 2 suítes da vinícola com vista para o Douro. Inacreditável como é lindo! Sem dúvida uma experiência única.
São atividade oferecidas na Casa do Rio: SPA, passeios de Jeep, bicicletas, piqueniques, show cooking, canoas, pesca, piscina, wine tasting, exercícios de blending, passeios de barco e bilhar.
Outra vinícola que oferece hospedagem (e essa sim está disponível também no booking.com), é a Quinta Nova – Luxury Wine House. A Quinta Nova fica bem no alto e tem uma vista irretocável para os vinhedos.
Caso opte por se hospedar em Peso da Régua, vale a pena conferir o Vila Galé Douro, um hotel novo e bem localizado, com ótimo custo benefício (quarto espaçoso, piscina aquecida, café da manhã farto, estacionamento próprio, internet e vista para o rio).
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A verdade é que minha viagem para Portugal não foi a viagem mais programada que já fiz na vida. Planejamos o básico do roteiro, mas muita coisa fomos decidindo durante a própria viagem.
Isso só foi possível porque era baixa temporada e teve um lado muito positivo, que foi ter a liberdade de “sentir” o lugar e escolher conforme a impressão real, ao contrário de um roteiro muito “engessado”, que te limita muito.
Por outro lado, a falta de tempo para fazer as pesquisas da forma que me agrada (viajei uma semana depois de fazer 4 júris seguidos – imagina como estava minha cabeça na véspera da viagem?), teve uma consequência negativa: só fiquei sabendo da existência dessas hospedagens maravilhosas, quando já estava lá… Provavelmente eu teria dividido minha hospedagem em pelo menos dois desses lugares, para ter experiências diferentes.
Mas agora que eu fui e voltei cheia de informações quentes, você pode levar isso em consideração na hora de programar sua viagem. E se escolher uma dessas hospedagens, por favor me conta como foi!
O que fazer na região vinícola do Douro?
O que há de principal na região são as visitas às vinícolas, as chamadas “Quintas“.
Esse é um passeio que precisa ser programado com antecedência, pois praticamente todas as vinícolas exigem reserva prévia e possuem horários pré-estabelecidos para as visitas.
Considerando que viajamos na baixa temporada, deixamos para fazer as reservas em cima da hora, com apenas 2 dias de antecedência. Embora tenha dado tudo certo, isso não é o recomendado nem mesmo se você viaja nessa época, pois pode acabar não conseguindo visitar alguma Quinta que fazia muita questão.
Os passeios são em grupo e incluem visitação no interior da vinícola, com explicação sobre o processo de produção dos vinhos, bem como a degustação ao final do passeio.
Cada visita é única, pois cada Quinta tem sua forma de produção de vinho e caraterísticas próprias, tornando uma visita diferente da outra em diversos aspectos.
Apaixonados por vinho que somos, fizemos vários wine tours. Eu queria ter muito o que escrever sobre essa região e por isso foquei em conhecer bem o Douro Vinhateiro e visitar o maior número possível de vinícolas em 2 dias.
Visitamos as seguintes Quintas:
1- Quinta do Vallado: 17 euros (visita + prova)
2- Quinta da Pacheca: 9 euros (visita + prova)
3- Quinta do Tedo: 10 euros (vista + prova)
4- Quinta do Crasto 20 euros (visita + prova)
5- Quinta do Seixo: não fizemos visita, apenas degustação.
Como eu disse, cada vinícola tem sua característica e processo de produção dos vinhos. Algumas focam em vinho de mesa, outras no vinho do porto; algumas possuem grandes produções a cada ano, outras fazer um trabalho mais manual e aderem à produção biodinâmica.
Por isso foi tão enriquecedor conhecer várias Quintas nesses 2 dias. Conseguimos ter uma boa ideia da variedade de vinhos produzidos no vale do Douro e aprender um pouco sobre o processo de produção adotado em cada vinícola visitada.
Quinta do Vallado (Baixo-Corgo)
A Quinta do Vallado foi construída em 1716, sendo uma das Quintas mais famosas do Vale do Douro.
Pertenceu à lendária Dona Antónia Adelaide Ferreira e até hoje se mantém na posse dos seus descendentes.
Está localizada às margens do Rio Corgo, que é um afluente do Rio Douro, perto da cidade de Peso da Régua.
Por mais de 200 anos a Quinta do Vallado teve como principal atividade a produção de vinhos do Porto, comercializado posteriormente pela Casa Ferreira, que pertencia à família.
Em 1993 a empresa decidiu expandir os negócios e comercializar vinhos com marca própria. Nesse momento se iniciou uma profunda reestruturação das vinhas, tendo como objetivos primordiais a produção de castas de grande qualidade, e a utilização de sistemas de plantação e condução que permitissem um melhor desenvolvimento vegetativo.
Grandes investimentos também foram feitos na área de vinificação, e a nova adega, concluída em 2009, alia a mais avançada tecnologia com arquitetura de qualidade.
As uvas chegam acondicionadas em pequenas caixas que evitam o esmagamento e o aquecimento, sendo despejadas num tapete de triagem que as transporta para o esmagador.
Com ação da gravidade, as uvas caem nas cubas de fermentação em inox e, em alguma cubas, é utilizado um robô que faz pisa mecânica. Uma pequena porcentagem das uvas é esmagada do modo tradicional, e no caso do vinho do Porto, toda a uva é pisada nos lagares de granito (pisa-pés).
Em 2016 a Quinta lançou o Vallado ABF – uma edição limitada de 933 garrafas numeradas de um vinho único produzido em 1888 e engarrafado em comemoração aos 300 anos da Quinta do Vallado. O nome é uma homenagem ao antigo dono António Bernardo Ferreira.
Em relação aos vinhos do Porto, hoje a Quinta comercializa 5 Tawnies Velhos: Reserva 10, 20, 30 e 40 anos; o Vallado Porto Branco (um vinho fresco e intenso produzido principalmente a partir da casta Moscatel Branco); nos melhores anos também é produzido o Vallado Porto Vintage, proveniente de um blend de Vinhas muito velhas e Touriga Nacional.
Também produzem o Vallado Rosé, com uma vinha selecionada de Touriga Nacional, e 3 vinhos brancos – o Reserva Branco, com estágio em barrica de carvalho francês; Vallado Branco, que estagia em cubas de inox; o monovarietal Moscatel Prima, 100% Moscatel Galego.
Quanto aos tintos de mesa, listamos: Vallado Douro DOC, Vallado Douro Superior, Monovarietais, Quinta do Vallado Reserva Field Blend, Quinta do Vallado Vinha da Coroa e Quinta do Vallado Adelaide.
Tours e wine tasting: 11h e 14:45 (inglês); 12h e 15:45 (português). O agendamento pode ser feito pelo e-mail [email protected] ou [email protected]. Site: quintadovallado.com.
Quinta da Pacheca (Baixo-Corgo)
A Quinta da Pacheca foi uma das primeiras propriedades a engarrafar vinho com o seu próprio rótulo. É mencionado pela primeira vez em um documento datado de abril de 1738, onde é referido como “Pacheca’s”, por ser propriedade de D. Mariana Pacheco Pereira.
Em 1903 Dom José Freire de Serpa Pimentel decidiu desenvolver seu interesse pela enologia e comprou a propriedade, passando-se a se dedicar seriamente ao arriscado negócio da vinificação.
Além de ser uma das mais renomadas vinícolas do Douro, a Quinta da Pacheca de destaca em razão das suas instalações.
A vinícola aluga espaço para casamentos, show cookings, provas de vinhos, piqueniques, cooking class, participação nas vindimas, sem contar as opções de hospedagem (The Wine House Hotel – suítes tradicionais do prédio principal e os Wine Barrels) e seu restaurante muito bem conceituado.
O The Wine House Restaurant, comandado pelo Chef Carlos Pires, apresenta um menu variado que respeita o conceito de cozinha tradicional portuguesa e utiliza os produtos típicos do Douro, com muita inspiração.
O restaurante abre para almoço (12:30 às 15 horas) e jantar (19:30 às 22 horas), mediante reserva.
Também aprovamos o wine tour e as completas explicações do simpático guia que acompanhou o grupo.
Infelizmente nossa prova de vinhos não foi ao ar livre como costuma ser (nos dias mais ensolarados).
Tours e wine tasting: as visitas com prova ocorrem entre às 10 e 19 horas, e a reserva é feita pelo e-mail [email protected] ou [email protected]. Site: quintadapacheca.com.
Quinta do Tedo (Cima-Corgo)
Na união entre o Rio Douro e o Rio Tedo, está a Quinta do Tedo e sua beleza singular. Possui um dos mirantes mais bonitos de todo o Douro Vinhateiro.
A vinícola familiar se trata de uma propriedade do século XVIII, pertencente à família Bouchard.
A uva dessa vinícola é 100% produzida na Quinta e provém de 15 hectares de vinhas de uva de classe ‘A’, sendo esta a classificação mais elevada do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, comparável ao Grand Cru da França.
Menos de 2% dos 41.000 hectares da região Demarcada do Douro integram a classe ‘A’. Esta classificação atende a 24 critérios, entre os quais se destacam as condições do solo, a exposição das vinhas, o tipo de variação de uva e a densidade de plantação e a altitude.
Embora seja uma vinícola pequena comparada às outras, sua produção utiliza técnicas manuais e processo orgânico na produção dos vinhos.
Respeitar a terra e os métodos de viticultura, incorporando a tecnologia moderna essencial na produção de vinho do Porto e do vinho tinto que espelha a região do Vale do Douro é a filosofia da Quinta do Tedo.
Determinados a criar um futuro ambiente sustentável, a Quinta do Tedo é uma das primeiras produtoras de vinho do Porto que pratica uma “culture raisonable” – prática responsável e sustentável da agricultura.
A vinhas da Quinta do Tedo incluem 18 variedades de uva tinta, denominadas Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinta Cão, Touriga Nacional e Touriga Francesa, e possuem em média 35 anos, produzindo entre 27 a 30 hectolitros por hectar.
E é exatamente essa baixa produção para vinhas maduras que potencia a criação de sabores concentrados e um elevado nível de complexidade nos seus vinhos.
Os Vinhos Tintos DOC da Quinta do Tedo são produzidos principalmente em 4 castas cultivadas na propriedade: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Cão e Tinta Roriz. Para garantir mais fruta e menos acidez, as uvas que dão origem aos vinhos Tintos DOC são colhidas antes das uvas que vão ser usadas nos Vinhos do Porto.
Os vinhos do Porto produzidos pela Quinta do Tedo são: Vintage, Late Bottled Vintage, Tawny, Rubi e Rosé.
A Quinta do Tedo também dispões de hospedagem no estilo B&B (bad and breakfast) e também conta com produção de azeite.
A visita à Quinta que inclui explicações acerca da produção, pisa a pé nos lagares, envelhecimento nas adegas do século XIX, engarrafamento e apreciação das vistas panorâmicas do vale do Douro.
O Bistrô Terrace serve cozinha de fusão portuguesa para almoços e jantares aos hóspedes e aos visitantes (mediante reserva).
Tours e wine tasting: abre diariamente das 10h às 19h (entre abril e outubro) e das 9h às 18h (entre novembro e fevereiro). O agendamento do wine tour pelo wine cellar pode ser feito pelo e-mail [email protected]. Site: quintadotedo.com.
Quinta do Crasto (Cima-Corgo)
Com localização privilegiada na Região Demarcada do Douro, a Quinta do Crasto é propriedade da família de Leonor e Jorge Roquette há mais de um século. Tal como as grandes Quintas do Douro, a origem da Quinta do Crasto remonta a tempos longínquos na história do país: o nome Crasto deriva do latim castrum e significa “forte romano”.
Trata-se de uma propriedade com 135 hectares de área total, 74 dos quais ocupados por vinhas, que usufrui das condições de excelência proporcionadas pela região do Cima Corgo, onde está localizada de forma privilegiada, para produzir vinhos do Douro e do Porto, das gamas premium e super premium, a partir de algumas das vinhas mais antigas e históricas do Douro.
Com a mais bela piscina de borda infinita e vista de cartão postal, a Quinta do Crasto une elegância e modernidade, fazendo-na uma das mais concorridas Quintas da região. A reserva deve ser feita com antecedência, principalmente nos meses de alta temporada.
Localizada no alto do vale, chegar até ela é um pouco mais complicado por conta das curvas desde a cidade de Pinhão, mas vale a pena, porque a vista é magnífica e a prova de vinhos é realmente de nível mais elevado e diferenciado.
O que realmente me chamou a atenção na Quinta do Crasto foi o momento da prova dos vinhos, que me pareceu o foco principal da visitação: um verdadeiro momento de confraternização entre os visitantes e a guia. Ficamos por mais de hora degustando os vinhos selecionados e jogando conversa fora!
Ao término da degustação, os visitantes são levados até a loja da vinícola. Trouxemos alguns bons vinhos para casa!
Anualmente, a Quinta do Crasto produz no Douro um 1.400.000 garrafas de vinho do Douro e do Porto de diversas categorias, 25% das quais destinadas ao mercado nacional e as restantes 75% destinadas a exportação para cerca de 50 mercados, localizados nos 5 continentes.
Além dos vinhos, a Quinta produz anualmente 45.000 garrafas de azeite a partir das azeitonas dos seus olivais cultivados em regime biológico, localizados na região do Cima Corgo e do Douro Superior.
A Quinta do Crasto oferece um vasto conjunto de programas de Enoturismo conforme a necessidade dos clientes. Os programas incluem visitas com provas de vinhos, almoços ou jantares e até mesmo passeios de barco no rio Douro (em parceria com a empresa Pipadouro).
Não fizemos reserva para almoçar ou jantar no restaurante da Quinta, mas quando chegamos o cheiro era tão bom, que acredito ter perdido um dos melhores restaurantes da região.
Depois fui pesquisar melhor e descobri que de fato e um restaurante muito bem avaliado.
Tours e wine tasting: abre diariamente das 10 às 18 horas e o agendamento pode ser feito pelo e-mail [email protected]. Site: quintadocrasto.pt.
Quinta do Seixo/Sandeman (Cima-Corgo)
A Quinta do Seixo fica pertinho de Pinhão, no caminho entre Pinhão e Peso da Régua.
Uma belíssima vista lhe dá as boas vindas na Quinta do Seixo. Não conseguimos encaixar horário para fazer a visita, então fomos direto para o tasting room com vista panorâmica (o mais bonito de todas as vinícolas visitadas).
Nos meses de calor é possível reserva um piquenique entre as vinhas.
Mas aqui vale uma observação: de todas as vinícolas por onde passamos, essa foi a única onde não fomos bem atendidos.
O funcionário da recepção quis negar até mesmo nosso acesso à sala de provas. Por sorte outra funcionária (essa sim muito mais simpática) nos acompanhou até o tasting room e lá fizemos a degustação. Mas se fosse pelo homem da recepção, com certeza teríamos ido embora.
Tours e wine tasting: abre diariamente das 10:30 às 18:30 horas (entre março e outubro) e das 10:30 às 13h – das 14h às 17:30 (entre novembro e fevereiro). O agendamento do wine tour pelo wine cellar pode ser feito pelo e-mail [email protected]. Site: sandeman.com.
Onde comer no Vale do Douro?
Se o vinho apaixona, a comida também faz por merece. Sim, afirmo com toda certeza que a gastronomia do Vale do Douro também marcou pontos.
Recomendo:
- o restaurante Cozinha da Clara na Quinta de La Rosa, em Pinhão (quinta de lá rosa). Pedimos 1 vinho, água, couvert, entrada, 2 pratos e 1 sobremesa – a conta ficou em 74 euros.
- o restaurante DOC, do Chef Rui Paula. O menu degustação custa 100 euros sem vinho e 160 euros com harmonização. Também tem opções a la carte. Recomendo a experiência, mesmo que não seja o menu degustação, pois foi lá que comi o melhor polvo da minha vida até hoje.
O DOC fica no Cais da Folgosa, na estrada nacional 222, e possui uma estrela Michelin, bem como vários prêmios internacionais.
Outras sugestões – restaurantes que não fui, mas ouvi boas referências:
- Casta e Pratos em Peso da Régua.
- Restaurante Rabelo, no Hotel The Vintage House (onde nos hospedamos).
- Os restaurantes das vinícolas (principalmente o Quinta da Pacheca e Quinta do Crasto).
- Os restaurantes construídos dentro das antigas instalações da estação ferroviária de Peso da Régua.
Sempre procure fazer reserva com antecedência. Eu faço as minhas pelo próprio TripAdvisor, que agora também e rede social.
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Dicas finais
Cruzeiro pelo Rio Douro e trem histórico
Se a sua viagem tiver dias contados e não for possível passar ao menos duas ou três noites no Vale do Douro, quando estiver na cidade do Porto, faça um cruzeiro de um dia pelo Douro.
Esse cruzeiro pode ser feito com a empresa Barcadouro, que fazer rotas como “Porto – Pinhão – Porto” e “Porto – Régua – Porto”.
Também há cruzeiros com opção de partida a partir do vilarejo de Peso da Régua.
Outra sugestão é o passeio de trem histórico (mas só funciona entre junho e outubro). Nessa opção, o comboio (trem) sai do vilarejo de Peso da Régua e segue até a estação Tua, trecho conhecido como uma das mais pelas ferrovias do mundo.
Chegando em Tua, é possível fazer um passeio de Rabelo, o tradicional barco que transportava o Vinho do Porto até Vila Nova de Gaia, e incluir um jantar a bordo.
A Fabi do blog Viagens e Vivências contou tudo como foi fazer um passeio de Barco pelo Rio Douro e o passeio de trem pelo trecho entre de Pinhão a Pocinho. Vale a pena conferir!
Casa de Mateus
A Casa de Mateus, uma das obras mais significativas da arquitetura portuguesa do período barroco, é mais uma dica de lugar para visitar quando você estiver no Vale do Douro.
O local é administrado pela Fundação com o mesmo nome, fundada em 3 de Dezembro de 1970, e dirigida pela família, que ainda mora em uma parte da casa, atuando em atividades culturais para ajudar na conservação da biblioteca (que possui a 2ª edição do livro Os Lusíadas de Camões) e do museu.
Na parte externa, destaque para o jardim, inspirado no jardim do Palácio de Versailles.
Viagens enogastronômicas – Leia também aqui no MV:
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Olá, Anna. Tudo bem? Parabéns pelo blog, tem me ajudado muito!!
Sei que é algo pessoal, mas, ainda assim, gostaria da sua opinião: visitarei a Quinta do Crasto e mais uma vinícola no dia seguinte (para almoçar ou fazer picnic). Qual você me recomendaria?
Obrigada!